sábado, 13 de junho de 2009

O Projeto

Filha da anistia é um projeto teatral que nasce da inquietação de compreender o mundo em que vivemos, onde as vítimas não são exceções, são a imensa maioria e como tal devem ser tratadas. E, apesar disso, são ignoradas, são condenadas a irrealidade, tendo ao seu redor o silêncio e a insensibilidade. Nem se tem conhecimento de sua existência. O que despoja as vítimas é o silêncio.

Após mergulhar nas memórias de histórias de pessoas que viveram e militaram na resistência à ditadura brasileira, nos mecanismos escassos de acesso a essas trajetórias de vida e luta política e estudar a relação da sociedade contemporânea com esse período, focados na perspectiva do desenvolvimento educacional em Direitos Humanos e História Brasileira, nos deparamos com uma necessidade urgente de contribuir de alguma maneira para a compreensão desse período.

Compartilhando do pensamento de Ernest Cassirer:...” a história é a essência do homem. O homem é um animal histórico, que se constrói na história que, por sua vez, não existe sem a memória. São as memórias compartilhadas que constituem a comunidade humana e as sociedades nacionais.”, pretende-se aqui somar aos tantos esforços despendidos por grupos de defesa dos Direitos Humanos ao longo dos últimos anos, uma reflexão artística que promova a discussão desse processo de apropriação da construção da democracia brasileira.

Aproveitando a chegada do 30º aniversário da Lei da Anistia, pretendemos convocar à reflexão principalmente as gerações pós ditadura brasileira, no que tange à apropriação histórica dos processos de formação da sociedade democrática brasileira em que vivemos atualmente.

A montagem mergulha na memória de um personagem que viveu e militou durante os anos de chumbo no Brasil, e que agora, precisa revelar todo esse passado, e suas mais drásticas conseqüências, para sua sobrinha, fruto de uma geração apática, despolitizada e que desconhece a história brasileira. Utilizando-se também de fragmentos de textos das tragédias gregas como Hécuba, Medéia e Ifigênia em Áulis de Eurípedes; Electra e Antígona de Sófocles, queremos propor a transposição de valores éticos e morais da construção do pensamento humanista, instigando no espectador uma reflexão sobre o tema.

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